Foi assim.


Vou dizer que sim, volto ao passado. Volto às coisas boas do passado… Comprometo-me.
Vou amar como antes? Sim, vou.
Vou me apaixonar pelas coisas como antes? Sim, vou.
Batalhar como antes?! Sim, claro que vou!
Então sou capaz de vencer como antes?!
Não! Foi ai mesmo que falhei.
Falharei como antes? NÃO!
Esqueci-me do antes, esqueci o que me torturou e pareceu sempre tão doce e na verdade me envenenou a alma de falhanços e desilusões.

E, foi assim…
Esqueci tanto o que to podias sofrer, direccionei o trilho da razão para mim. Larguei-te tão lá atrás que o rasto se perdeu de mim e não eu dele… Segui caminho, não saindo do mesmo, circundando numa volta quase sem fim. Estaquei.
Ouvi um grito. Eras tu!
Entrei em pânico.
Recuei na trilha, procurei-te achando que te encontraria no mesmo local onde te atirei ao chão por te ter trazido ao colo. Não estavas. Vasculhei de novo por ti, já derreado pelo cansaço da viagem de retorno e de todas os becos sem saída escuros que me atormentavam. Finalmente avistei-te ao longe. Cabisbaixa, sofrida, dorida, chorosa. Respiração acelerada.
Sentiste-me ali, rodaste a cabeça e analisaste-me. O teu olhar magoou, feriu. Não te vi a mesma. Assustaste-te ainda mais comigo, há tempos que não me olhava ao espelho portanto não sabia o aspecto que trazia da minha caminhada para longe de ti e circular.
Corri na tua direcção. Apanhei-te os braços.
Espera!
– Larga!
– Ouvi-te gritar… Que se passou? Aleijaste-te?
– Não.
– Então? Fizeram-te mal?
– Sim.
– Quem?
– TU!


(Silêncio ensurdecedor, com o brilho daqueles Campos Elíseos)
Vi no que te tornaste, o monstro que se apoderou de ti. Ai gritei, por puro susto, por puro medo. Largaste-me. Perdeste-te. Perdemo-nos. Não és quem julgas ser.
– Apenas procurava o melhor para mim. Por isso te deixei, mas nunca te esqueci.
– Mas não procuras-te. Agora que te vi bicho, voltas. Não sabes os animais que comeste para sobreviver no teu caminho de encontro ao te melhor…És um canibal.
Comes gente.

Percebi as suas palavras. Olhei me nos lagos dos Campos Elíseos. A água pura do Lete contrastava ao máximo comigo; o meu aspecto era de besta.
Deixei-a. Mergulhei-a na solidão. Fui só eu. O eu tornado em besta.
Os estragos suficientes estavam consumados, na longa caminhada do meu melhor.
Escondi-me no meio do bosque. Olhei-a afastar-se por entre os arbustos.
O meu ar animal ia acalmando. Afrouxei no chão húmido. Aninhei-me qual animal no seu esconderijo, esperando pela escuridão sumir-se.
(Mesmo assim mostras-te o teu amor por mim. Deixaste-me aqui…Desvendaste-me a saída.
O lugar místico e energético.)
Desapareci até ao dia que a lua cheia cesse, desejando assim o meu retorno…
…meses…

Espero a luz
voltar a vida.


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