Criar

Saber criar, é algo tão fora do nosso corpo físico, que destrói a nossa própria percepção do real.
Realmente, a criação é tão mesquinha que eu vejo me restrito à ideia que não creio, nem crio. Não sou poderoso para isso.
Não crio ilusões, mas já creio nelas. E caio nelas. Como sempre caí...
Inevitavelmente, relembro-me de todas as em que fui actor principal, obrigatoriamente ou por acréscimo. Na maioria, lá estava ela. Ela impávida e serena com o cal da sua pele, e o verdejante dos seus olhos, como actriz principal também. Mas aí, aí só me recordo da presença, e de toda a calma que me transmitia ou possuía. Por dentro, seria arrebatada por mim ou pela própria ilusão, que culpado sempre o fui; e culpa sempre ela ma deu.
Continuando naquela serenidade inquietante, a confissão é precisa, a dor é chamada e o pensamento é perdido.
Não sei, não sei em quantas ilusões participei como actor principal, mas tu, tu estavas em todas elas.
A secura das mãos, o quente da alma naquelas criaturas tão nossas. Tão desiludidas, estas nossas desilusões.
Naquele dia as ilusões já não foram mais nos buscar nas noites quentes, ou nas frias, apenas foram... Foram criar com outros actores que não nós, noutros cenários que não os nossos.
Mas elas, elas vêm, elas vêm outra vez nos buscar para contracenar com novos actores e actrizes. E aí caimos em novas ilusões, que não me recordo de todas. No entanto, na ultima noite passada estavas lá tu na minha ilusão como pano de fundo, criando mais um ambiente; acho que mais uma vez te levaram para lá.
Para O País das Ilusões, E.

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