FOGE DO BANDIDO

Queres? Queres mesmo? Queres mesmo tirar me a pele? Escaldar-me a cor, e pelar me a voz? Queres mesmo que seja escuro, negro, preto e fusco? Queres que corra, tente fugir? Que me coce com palha de aço e beba água das poças de óleo que a terra derrama?
Queres que seja um manifesto e uma cor homogénea? Queres que vá até à selva encontre os meus pares e me ria com eles? Queres que abrace a felicidade ali e permaneça ali a relembrar tudo o que sou com o brilho nos olhos?
Queres a palma da minha mão branca diferente da tua? Queres a minha força maior do que aquela que possas suportar? Queres que devolva tudo o que é meu? Queres que me esqueça do que foi meu?
Ou queres mesmo que procure o que é teu? Queres que fique com o que é meu?
Queres me deixar perceber quem sou eu? Queres me deixar lavar a cara sem deixar de ser eu?
Queres que persiga a minha sombra sem te tirar o que é teu?
Queres me dizer que nome tenho eu?
Queres me dizer se alguém me esqueceu? Queres me dizer quem é que morreu?
Se eu, se tu. Porque não somos o mesmo corpo nem podemos ser com tanta semelhança.

Comentários