Dinâmica

As minhas mãos deixam de ser tão suaves quanto a tua pele. O toque que te toca é diferente, mas quente. Não sou mais um miúdo com os sonhos à flor dos lábios, agora eles agarram-me à cama, à cama que tendo a fugir por medo de ficar preso neles.
Todas as dúvidas que me consomem são tão boas, tão boas como olhar para ti. Será que deslizar os meus sentimentos nos teus daria resultado? Será que agora ser um homem, e sem sonhos te atrai mais?
Todas as questões que não te ponho, deixam-me pronto. Pronto a descobrir coisas novas, coisas que queria descobrir antigamente. Agora que as sei, quero-as outra vez, mas se me entendes quero-as menos intensas. Quero o suave, e a seda em ti. Quero a superficialidade de um olhar profundo, e o sabor de um gesto sem significado.
Não te quero a ti, quero a soma de múltiplos acasos. Que agora não vêm ao caso.
Talvez queira apenas um caso, mas não quero ser mais um caso sem solução. Só tens que deixar esta minha incerteza ser a tua constante nos teus intervalos de vida. Quero que fujas para mim, mesmo que seja na direcção oposta. As estrelas saberão me deixar o rastro que os teus olhos marcam em cada rua que visitas.
E eu andarei por onde andaste sem te buscar.
E as minhas mãos nunca mais serão suaves, como são as minhas palavras. Se não te posso tocar, que ao menos te reflicta. E te passe a insegurança que os nossos caminhos cruzados tendem a tornar como certos. Não jogo mais à apanhada. Só tens que me deixar viver de forma diferente, e aprender que é bom buscar-te em todas as minhas dúvidas.
Inconscientemente, não estou lá, nem ai. E eu sei que não temes a minha distância, porque anseias a minha presença.
Da mesma forma que fomos um, também somos dois ainda mais comuns. Por isso põe-te em mim, rejeitando a perfeição que te pode rodear. Não te posso proteger. Mas não deixes que nada nos afecte.

Tu sabes que eu não posso deixar que nada nos afecte. Nem as minhas mãos agora ásperas.