"Os sonhos também dançam"

«Aproximei-me dela para a beijar, agarrei-a pela cintura como sempre mas ela resistiu. Chorámos, abraçados. Beijei-a. E disse-lhe ao ouvido: “Até sempre”. Senti a maior dor de sempre no meu peito ao deixá-la.

Não é fácil… Dói muito... Arrebate-se o amor, destrói-se o desejo…

(...)

Cheirava-se tristeza, ali… O ar era pesado, sem cor, ser a cor diária que cheirava a amor. Ia embora sem saber muitas coisas. Não sabia se ela queria filhos, não sabia sequer se alguma vez tinha estado apaixonada, nunca mo disse…

Não dormi na cama. Ela disse que se eu quisesse dormir ali, ela iria para o quarto ao lado. Eu fui para o quarto ao lado. Despedi-me dela… Dei-lhe um beijo na boca. Talvez o ultimo; emocionámos-nos. Sai.

Dia seguinte. A noite tido sido péssima. Eu nem ela tínhamos dormido, tinha-a sentido levantada quase a noite inteira. Cheguei a ir ao quarto de noite. Deitei-me na cama, a seu lado. Fizemos amor. Quase não falámos. Foi doloroso. Doeu, fazê-lo pela última vez. Foi duro. Se calhar não devíamos tê-lo feito.

Acordei, sai do quarto. Vesti-me no quarto ao lado. Tomei o pequeno-almoço na cozinha para me poder despedir de toda a gente de lá de casa. Choro da cozinheira não podia faltar. Já me tinha despedido das pessoas mais importantes na cidade, incluindo os meus alunos. A última foi a Ana. Dei-lhe um beijo na testa, com as lágrimas a sentirem o meu rosto, lágrimas salgadas com dor.

- “Adeus minha deusa, desculpa. Amo-te…”

- “Adeus. Amo-te…” Disse baixo.»




Já lá vai um ano que escrevi isto. É uma das partes mais dolorosas.
Quem diria...

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