Não mais.

Não mais procuro aquele lugar vazio dentro de mim, que insiste em tornar-me tão igual e tão fútil a ti.
Sei bem quantas as vezes te fixei no pensamento na esperança de acordar um dia contigo a meu lado e todo o meu pesadelo ter sido um belo sonho. Portanto, nunca saberia acordar vivo e pré-disposto a sentir, não tendo sequer uma respiração profunda no meu ouvido.
Fui tão longe ou tão perto no desconhecido que me entreguei qual abandono atraiçoado que me tornei a própria traição por ti.
Não mais sei esconder segredos, por todos eles serem a revelação deste tremendo Apocalipse.
Fiquei-me anestesiado. Estupefacto pela razão que move as sensibilidades. A forma como se julgam as puras verdades.
Não mais o mundo gira à tua volta, tornando tudo tão belo ou tão feio como é para ti sonhar.
Ficamos pela nossa ignorância incapacitada de mover a mais recta palavra, num estranho senso de ser. De tudo o que não és e não vês. E tudo o que não vês e fazes.
Inspira-me contra as susceptibilidades, enfraquecendo assim os temíveis.
Temível ignorante e escrupuloso, fecundante de uma terrível forma de vida.
Rancorosos vermes, seivados dum sangue desigual.
Não mais me deixo morder e alucinar sem cura para tal.

Comentários

  1. por vezes é tão dispendioso libertarmos e partilharmos um pedaço do nosso tempo com outro alguém!

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  2. só a morte é que não tem cura. o que pode acontecer é a cura ser por vezes mais dura que a própria morte.

    tq *

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