Summer Love...

Passaste por mim, ofuscando-me assim com o sorriso mais brilhante daquele dia. O sol raiava, marcando a presença a teu lado, só para me fazer ver que a perfeição sempre existirá, por cada dia que me olhares com o sorriso.
Não sabia quem eras, nem de onde vinhas, mas sabia que tinhas de ficar mesmo a meu lado. Estava sentado num banco junto à relva com um passeio largo em frente até o muro que nos separava da areia da praia.
Estava de férias e todos os dias de tarde ficava ali no mesmo sitio como que à espera de uma novidade; até ao dia em que resolveste passar para eu te ver.
Não sei de que doces pensamentos eras feita tu, mas de certo que nada me agonizava com a tua presença.
Vi o dourar dos teus cabelos, e deixei-te ir...
Caiu-te um bloco de notas quando já te encontravas metros à frente. Corri na tua direcção, apanhei o bloco.
"Hei! Deixaste cair isto!"
"Ai! Obrigada, não vivo sem os meus apontamentos..."
"De nada..."
Nisto ela começa a virar-me as costas e a seguir o seu caminho, soltando de novo um pequeno sorriso.
Parei no meio do passeio largo, a coçar a cabeça.
"Hei! Espera!" ela vira-se para mim. "Já agora, eu sou o Ricardo. E tu?"
"Sou a Beth..." Fez de novo o sorriso mas desta vez envergonhado. Tinha um sotaque francês.
"Prazer... O que guardas tu preciosamente nessas folhas?" ri-me.
"Hum. Guardo ensaios..."
"Ensaios?"
"Sim... Ensaios de peças, romances."
"Ah, és escritora..."
"Gosto de escrever..."
"Estás aqui de passagem?"
"No mundo? Sim. Creio que ao fim de cumprir missões, serei apenas mais um grão de pó..."
"Fazes-me concordar contigo... Mas referia-me aqui, à cidade." Ri-me outra vez.
"Sim, também. Olha desculpa, és muito simpático mas eu tenho de ir embora."
"Será que nós podemos ver outra vez?"
"Vai aparecendo por aqui, hás-de me encontrar."

E assim se foi embora, deixando-me hipnotizado duma só vez. Permaneci em pé a olhar o mar. Seria de mim mesmo este meu exagerado fascínio pelo feminino, ou seria ela diferente?
No dia seguinte lá estava eu a ler o meu jornal. Esperava-te ansiosamente. Quando te vejo passar muito intima e risonha com um rapaz apresentável, e com ar de intelectual; enquanto entretanto se sentam num dos bancos mesmo dentro do parque.
Fiquei incomodado e em seguida levantei-me e dirigi-me para casa. Ao menos aquela casa antiga de família, permanecia ali no meio do campo como se nada a afectasse, e apenas os cheiros a preservassem nessas memórias de décadas tão frescas em si. Deitei-me na chez-long aguardando um novo dia solarengo em que a perfeição fosse mais uma vez comprovada...
Talvez a visse amanhã... sonhei eu.

Comentários

  1. adorei o texto :) adorei mesmo de ADORAR. e se o voltar a ler vou adorá-lo all over again...

    «'Sim... Ensaios de peças, romances.'»
    traz-me tanto à memória...

    tdt*

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  2. Simplesmente perfeito!!!
    Adorei...

    Angel/Devil

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