Selecção

Os meus olhos picam-me e cegam-me tão desesperadamente que os gritos que solto, são música para os possuídos, são composições perfeitas de obra prima musical, digna de divindade.
Não sei porque canto com esses gritos perdidos aqui nesta escuridão. Apalpo as paredes, tropeço na cadeira que me deixa descansar...Caio. Sangro... O sangue estanca... com as minhas lágrimas, e a dor desvanece em ardor, e calor. O corpo estremece... O silêncio aperta, e a lucidez escasseia. Dirijo-me à porta; estava trancada, eu mesmo o tinha feito; mas não conseguia abri-la, com a fome havia ingerido a chave que me tiraria dali para fora. Eu mesmo tinha criado o ambiente de germinação.
A solidão não me assolava, o pó e os germes serviam-me de sinal de vida naquele compartimento, tão escuro como um buraco negro. Instaurei-o eu naquele espaço onde tudo se clareava para mim apesar do bréu.
Aprendi com Darwin que eu era igual a qualquer ser que ali tentava sobreviver. Com um senão, eu não fui selecionado naturalmente...Enquanto me ajoelhava no meu sangue que escorria por cima do já seco apercebi-me que a minha selecção era mais do que irreal, era demoníaca...

Comentários

  1. Sabes gostei bastante deste texto.
    Tem partes em que parece um texto meu, principalmente as partes alusivas a sangue.
    Gostei mesmo, prometo que voltarei mais vezes para ler :)
    beijinho

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  2. segundo Darwin...os mais fortes sobrevivem, os mais fracos ficam pelo caminho.
    em qual dos dois mundos te encontras?

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  3. Sobrevivo naquele buraco juntos dos germes... Sobrevivo.

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