Nada prometido

Quem me dera que soubesses tudo aquilo que eu não sei. Assim, talvez me tornasse mais humano, e menos espiritual. Mais racional, quando a ração neste mundo é cada vez mais curta.
E esta minha busca, pelo incerto a todos os olhos e talvez aos meus, é a coisa mais correcta que tenho em mim. Porque sei que me pertence e não foge. E não é nem tola, nem impossível. Porque esses impossíveis todos não foram alcançados, pois simplesmente chegaram até mim. Isto é algo que nem tu, nem ninguém, nunca sabe do que falo. Porque sou tolo, e absurdo, e absorvo tudo neste meu pacífico espaço. E se não tenho salvação aos teus olhos, não sei porque tantas vezes me dizes isso mesmo. Se o meu amor, nunca foi, nem será o suficiente. Não adianta persistir na luta, inconstante. Nem vale a pena, jogar-me sentimentos, aterrorizadores, petrificantes e estupidificados.
Eu faço todo o sentido neste mundo de loucos que permanecem sãos e belos. Nunca ofuscas os olhos.
São coisas tolas aquelas que vês. São coisas tolas aquelas que pensas, e nem sequer te importas, que eu possa pensar o mesmo, e consiga dessa forma fazer um pouco parte de ti. Neste jeito, desajeitado, de eu ser.
Folgaria, todos os fôlegos, para ambos estarmos salvos. Salvos debaixo da mesma árvore, no meio desta enorme tempestade, até que viesse aquele sol aterrorizador, mas tão bom, que nos queima toda a impureza que carregamos ao peito, por todas estas contracções mentais a que nos temos subjugado.
Não posso sonhar mais, acredita. Não posso levantar a cabeça deste chão e achando que és tu que me apoias a nuca e me matas a sede deste calor que sabe tão bem.
Não estou perdido, não porque grito o peito para fora. De todo o desespero a que me proponho não há nenhum que me faça mais gozo do que não saber nada, e tu saberes tudo. Toda a minha carne, e toda a minha fachada ferida. Algo que saberá sempre bem, será viver daqui para fora com a mesma ideia que tu. Não posso ter medo porque a única certeza que tenho são visualizações futuras, segundos compridos, e olhares cumpridos; nada que tinha sido prometido.
E aí está a verdade, nada realizado será outra vez prometido.

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