Prometeu

Eu vi-te caminhar sobre o fogo. Como se os teus pés fossem de vidro e se moldassem conforme as nações, que viram o Humano chegar ao hoje como se ontem ficasse a dois dias atrás.
Como se nunca tivesses nada, olhavas para cada lado à procura de alguém que perdeste numa guerra, que virou um Holocausto, mas que nos olhos de outro alguém era só uma paixão.
Os seres vivem dessas paixões. Paixões que dão poder, que nos sobrepõem, que nos fazem chegar além, ferir o calcanhar, sentir o vento na cara, e mesmo assim continuar.
Eu vi-te a caminhar, e a queimares as tuas pernas, e a subir essa chama para o teu peito, até atingir a tua visão e o teu discernimento. Eram as paixões que começavam nos pés, que em trilho nos faziam seguir verdades que nunca foram as nossas, mas todas aquelas que roubamos a outras almas.
Eu vi-te estender as mãos ainda por queimar, a mais umas brasas. Debruçaste-te sobre ti, em busca de mim. E eu nunca poderei ser tu, se não souberes que as minhas queimaduras também doem.
Isto era mais uma luta. Eu vi-te lutar, e eu vi-te ficar. Eu vi-te gritar todo esse poder que me quiseste retirar, que era maior que nós os dois.
Todo o fogo. Todo o vidro. Toda a paixão. Toda a opressão.

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